Teatro Acessível
A campanha “Teatro Acessível. Arte, Prazer e Direitos” é uma iniciativa para promover autonomia e participação de todas as pessoas, principalmente de quem tem deficiência, mobilidade reduzida e baixo letramento, entre outras condições, na vida cultural de suas cidades.
Por um lado, percorremos o Brasil oferecendo teatro gratuito e acessível a crianças, adolescentes e jovens com o nosso grupo de teatro “Os Inclusos e os Sisos”. Por outro, realizamos ações de sensibilização da sociedade para a importância da acessibilidade cultural, como audiências públicas e mobilizações na TV. Em 2013, a campanha foi incorporada como ação e conteúdo de política pública pelo Ministério da Cultura.
Por meio da campanha, realizamos em 2013 a primeira audiência pública com total acessibilidade do Congresso Nacional, que debateu, justamente, cultura acessível e a criação do Dia Nacional do Teatro Acessível, celebrado em 19 de setembro. Para isso, envolvemos meios de comunicação, o poder público, a cooperação internacional, a sociedade civil e a classe artística.
Tiago Abravanel, Bel Kutner e Diogo Vilela apoiam nossa campanha de Teatro Acessível.
Outro resultado relevante da nossa campanha “Teatro Acessível. Arte, Prazer e Direitos” é a transformação das políticas de fomento à cultura do governo federal. Desde 2013, e com mais força recentemente, todos os projetos viabilizados por meio da Lei Nacional de Incentivo à Cultura precisam necessariamente adotar medidas de acessibilidade. Isso é uma revolução nas políticas públicas de cultura. É um orgulho estarmos fazendo parte deste avanço.
Já percebemos mais desdobramentos do nosso trabalho. Desde 2018, a cidade do Rio de Janeiro tem o seu Dia Municipal do Teatro Acessível. Em 2019, Porto Alegre seguiu o mesmo caminho e também instituiu o 19 de setembro como o dia em que a cidade celebra a acessibilidade teatral. E em 2023, o Estado do Rio de Janeiro é a primeira instância federativa do Brasil a aprovar a lei do Dia Estadual do Teatro Acessível (Lei 939/2023).
São muitas as pessoas - de equipe e patrocinadores/as a apoiadores/as - que possibilitam o sucesso da campanha.
Os Inclusos e os Sisos
O grupo de teatro “Os Inclusos e os Sisos” é o único no mundo que realiza todos os seus espetáculos e atividades com a máxima acessibilidade. É uma experiência teatral para todas as pessoas, com e sem deficiência. A iniciativa surgiu em 2003, quando a atriz e apresentadora Tatá Werneck reuniu outros estudantes de artes cênicas da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) para criar o grupo como um projeto da Escola de Gente.
Para ser realmente acessível, utilizamos mais de 10 recursos de acessibilidade física e comunicacional simultaneamente: língua de sinais, Libras tátil, legenda, audiodescrição, material de comunicação em braille, letra ampliada e formatos digitais, assentos reservados para cadeirantes ou quem tem mobilidade reduzida, visita tátil ao cenário, linguagem simples, banheiros adaptados e atendimento com acessibilidade desde a fila - além da acessibilidade física geral dos locais de apresentação.
Todas as apresentações e atividades são completamente gratuitas, e abertas para pessoas de todas as faixas etárias. Ao longo de seus 21 anos de existência, o grupo se apresentou para mais de 100 mil pessoas em todas as regiões do Brasil. Já recebemos vários reconhecimentos ao longo dos anos, inclusive uma menção na ONU como uma das 40 experiências mais inovadoras do mundo na área de inclusão, o prêmio Cultura Populares - Edição Selma de Coco, do Ministério da Cultura e a Ordem do Mérito Cultural da Presidência da República na categoria “Artes Integradas” (2014).
Um dos textos de maior sucesso do grupo é o espetáculo de esquetes, baseado no livro “Ninguém mais vai ser bonzinho na sociedade inclusiva”, de autoria de Claudia Werneck. Além das peças serem apresentadas com total acessibilidade, elas tratam de inclusão. Os INsquetes*, por exemplo, falam sobre situações cotidianas em que o público pode facilmente se reconhecer. Através delas, a plateia pode perceber algum preconceito próprio que nem imaginava ter, ou então descobrir que lida com certa situação de maneira imprópria - e tudo, certamente, sempre com muito humor!
*Esquetes são cenas curtas que têm como objetivo entreter o público em um curto espaço de tempo. Para o ETA Festival!, a Escola de Gente criou o termo 'INsquetes', que é a combinação de 'Esquetes' + 'Inclusão', para denominar cenas que sejam tanto acessíveis quanto inclusivas."
Oficinas de Teatro Acessível
É uma atividade de formação em inclusão, acessibilidade, não-discriminação e direitos de pessoas com deficiência, realizada com metodologia criada pela Escola de Gente, a partir do seu acúmulo de 22 anos no desenvolvimento de projetos que sensibilizam as pessoas a respeito da importância da construção da sociedade inclusiva. Ela é resultado da união de duas iniciativas marcantes da organização: as Oficinas Inclusivas e o grupo “Os Inclusos e os Sisos - Teatro de Mobilização pela Diversidade”. Por meio de jogos teatrais, os/as participantes mergulham em reflexões sobre os temas da inclusão e interseccionalidade. Não há respostas prontas, nem certas ou erradas. A condução da atividade estimula as falas, relatos, experiências e questionamentos de quem participa.
Uma das várias dinâmicas da Oficina de Teatro Acessível é aprender o alfabeto em Libras, com o apoio do/a intérprete de Libras levado por nós.
A condução da Oficina de Teatro Acessível é de um ator e uma atriz do grupo, que dividem a responsabilidade das dinâmicas. Em uma delas, o/a audiodescritor/a assume a liderança e, em outra, quem faz é o intérprete da língua de sinais. A atividade conta sempre com oito recursos de acessibilidade: Libras, audiodescrição, legendas, linguagem simples, material de comunicação em braile e formatos digitais, assentos reservados para pessoa com mobilidade reduzida, rampas de acesso, banheiro adaptado. A duração é de 3 a 4 horas.
As Oficinas de Teatro Acessível são realizadas principalmente em áreas de baixa renda.